terça-feira, 11 de março de 2014

perdi-me no mar.

perdi-me no mar. ali estava eu num vago barco, que embarcava almas sem direcção. debrucei-me sobre o meu próprio reflexo, enquanto o horror percorria cada veia existente no meu corpo. não era eu naquele horroroso "quadro". jamais poderia ser eu. uma memória do que antes era o meu reflexo em nada se parecia com este novo. este exercia o papel de mostrar uma rapariga assustada, de olhar vazio, suja, morta. aquela não poderia ser eu. os meus repentinos reflexos perante tal imagem fizeram-me cair e embater contra a gelada e profunda água. nunca soube nadar, não seria naquele momento que o conseguiria fazer. debati-me contra as ondas que incidiam sobre mim, mas sem qualquer relutância em poucos segundos o fim do oceano, oceano desconhecido, esperava-me. perdi-me no mar. cada gota era como uma faca na minha garganta, uma dor atroz que me impedia qualquer respiração, qualquer sentido, mas ao mesmo tempo todos eles estavam alertas ao que se aproximava. sentia-me a morrer, cada parte ficando cada vez mais dormente numa mistura de cruéis memórias. internas. sem ponto de nascença. apenas morte. mas.. não estava já morta? finalmente a realidade embateu sobre mim. aquela dor jamais iria acabar. seria eterna. reviver a morte, vezes e vezes sem conta, sem um ponto por onde me agarrar, sentir aquela mágoa, aquela dor, aquela impotência, aquela sensação de não ser mais que um insignificante ser. mas já nem um ser sou. MATEM-ME DE UMA VEZ. cortem-me a garganta, ponham-me uma arma á cabeça e disparem sem piedade. por favor. esta dor não vai passar. porquê?

passaram horas, passaram dias, passaram semanas. os meus sentidos continuaram anestesiados como nos primeiros segundos, mas jamais deixaram de estar conscientes. habituei-me de certa forma. aquele azul do mar que me hipnotizava, nada mais á minha volta. já estava longe daquele longínquo barco, a kilómetros de distância. sem que nada pudesse fazer. os meus membros se haviam feito algum movimento esse não o senti. anestesiada sem qualquer ponto de abrigo. mas já não queria voltar. tudo é melhor que aquele reflexo. aquela era a minha nova casa, sem saber se estava viva ou já morta á muito.

fui-me esquecendo de tudo o que viera antes. tudo não passava de uma memória estúpida e infantil enterrada num jardim escondido por entre vedações, das quais jamais passaria, nem queria. já não queria voltar. jamais voltaria para aquele, agora nublado pelo tempo, barco cheio de almas penosas á espera do seu destino. recebi o meu, garantido ser melhor que muitos. aqui no mar, acabei por encontrar algo, a escuridão. aqui no mar... tudo é mais divertido.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

hoje consegui despedir-me de ti, de certa forma. ainda dói, e a ferida vai demorar a sarar. tu não merecias, sempre foste uma pessoa impecável, cheia de alegria, que me conseguia meter um sorriso na cara apenas por sorrires também. as portas que me abriste. acho que sempre tiveste esse dom de mudar as pessoas com as palavras e actos. orgulho-me da pessoa que eras, da pessoa que me tornaste. ao ver a dor das pessoas hoje, familia, amigos, nota-se que fizeste um enorme impacto em todos, incluido eu. vais estar sempre nos nossos corações. apenas poucas pessoas têm o poder de conseguirem ser eternas, tu és um desses. descansa em paz, anjo*

domingo, 20 de novembro de 2011

lugar melhor

sinceramente? não sei se será realidade ou apenas um sonho, um sonho demasiado bom para ser verdade. estou sozinha numa sala de espelhos sem conseguir encontrar uma saída segura. a mágoa agora estampada no meu rosto parece assustar os reflexos que ao mesmo tempo se vão desmoronando em mil pedaços cintilantes. já nada mais faz sentido, aliás, já nada fazia sentido antes. eu apenas tinha a necessidade de pensar que fazia. esse pensamento fazia-me sentir bem comigo própria, preenchida até. nada mais para lá do horizonte, apenas céu limpo e pensamentos nunca desbravados. nunca me ousara a estudar os meus pensamentos, uma mente demasiado louca, muitos diriam. olho em volta e apenas vejo o escuro e os pedaços de vidro que á segundos atrás brilhavam sobre a luz ofuscante. perdi noção do tempo e do espaço, perdi noção do teu coração. o tempo passou demasiado depressa deixando marcas e cicatrizes. toco cada contorno do meu corpo com delicadeza ao tentar encontrar-me no meio da escuridão. os arrepios chegaram, tal como a fraqueza e a vontade de já não querer ficar. olho para trás no tempo e tudo me parece melhor, mais distante, distorcido talvez. será que alguma vez irei aprender? já nada mais me prende, já nada chama por mim. agarro agora num dos pedaços de vidro outrora estendidos como véus no chão negro, aproximo-o cada vez mais da minha pele. aquela dor, aquela sensação de conforto, aquele calor, aquela adrenalina que corria cada vez mais forte nas minhas veias. deixei-me levar pelo preto que me envolvia carinhosamente, fechei os olhos esperando que acordasse num lugar melhor.

domingo, 16 de outubro de 2011

só porque te amo

Alguma vez olhaste para o horizonte e pensaste:  “era ali que eu gostava de estar”. Para lá de tudo, para lá dos sentimentos, para lá de todas as mentiras, para lá de toda a tristeza e até mesmo para lá da solidão. E se fugíssemos os dois? Não vale olhar para trás. Sentir a brisa percorrer cada centímetro do nosso corpo, ao mesmo tempo que o piano vai tocando ao som da lua. não precisa de fazer sentido. Não precisamos de pensar duas vezes. Apenas segue o ritmo ao mesmo tempo que o teu coração. Não me apetece lembrar dos momentos, muito menos dos silêncios. Vive este comigo, por favor. vem ter comigo onde o mundo acaba. Vem ter comigo onde o simples nada é tudo. acendo mais uma vela. Só porque te amo.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

talvez uma falsa esperança

sempre acreditei realmente em amor, era uma daquelas palavras que em criança me faziam rir para mim própria ao pensar no futuro distante, sem ter que me preocupar. ingénua era eu, certo? ao fim de contas ninguém encontra o seu principe encantado. a vida torna-se um enredo complicado, dificil de seguir, desisto e entrego-me ao mar, desisto de todas as minhas forças e simplesmente vou. parece que ninguém quer saber, o sofrimento povoa o meu redor á espera do momento preciso para atacar, quando ninguém espera ali está ele. porquê? os pesadelos tornam-se cada vez mais intensos e tenho medo que qualquer dia se tornem realidade, tenho medo. privo-me de ti. queria lembrar aquele beijo á noite junto ao piano, lembro-me daquele abraço que curou toda a minha chamada dor, lembro-me daqueles sonhos que costumávamos imaginar no céu escasso lá no alto. lembro-me e tenho saudades de tudo. seria um pedido imaginável da minha parte voltar tudo ao mesmo? provavelmente. fumo mais um cigarro e penso no que será o amanhã enquanto ao mesmo tempo o fumo parece tecer cada extremidade do meu frágil corpo. sabendo que a seguir se segue um pesadelo, cada vez mais insensível ao tom a que se apresenta. talvez uma falsa esperança, fecho os olhos e adormeço. continuo á espera de ti, meu anjo da guarda.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

já nada te prende

sinceramente já não sabes mais o que fazer. deste tudo por tudo na relação e mesmo assim parece nunca resultar. estás farta de sofrer, estás farta de chorar. enquanto derramas lágrimas ele sente-se feliz, bem, injusto certo? desculpa desiludir-te querida, mas a vida nem sempre é justa. lutas, lutas, lutas mas nunca vences. por mais palavras que digas nunca parecem ser as suficientes. quando ninguém parece entender, tu perdes força, e por vezes é difícil levantar do chão frio que se apresenta debaixo de ti. pensas que estás sozinha e choras até conseguires adormecer, porque ele já não te ama, ou se ama já não o diz. já não te abraça quando precisas, já não te diz que és só dele, já não tem saudades tuas. a sério que deixaste de acreditar no dito 'amor', agora essa palavra parece-te insignificante, estúpida e vazia. sofreste erros do passado que te deixaram mais do que gasta e agora já não podes fazer nada contra isso. já não és única, já não és especial. as tuas esperanças foram com a maré e já nada te prende. queres tu também voltar, começar de novo, não é? por dentro não és nada, o teu amor está nele, e novamente já nada te prende. mas estás livre, abre os olhos e vê o mundo, continua vazio?

terça-feira, 21 de junho de 2011

as vozes



por esta altura ainda eu era tão inocente, tão simples. a lua estava bem alta lá no escuro, negro, limpo e distante céu da noite. uma pequena rajada de vento passou por mim, o suficiente para os calafrios começarem a apertar. porquê? porque já não o tinha ali ao meu lado, não sei como nem onde tinha ido parar, mas fora tirado de ao pé de mim. o meu coração estava bem situado no meu peito, tudo estava normal, no entanto o ar começou a faltar, tudo começou a andar á roda, já não via mais nada senão o chão frio que agora estava embatido na minha cara. simplesmente desejei nunca mais acordar. 

pelos vistos ninguém me ouve. nem mesmo Deus, a quem daria a minha alma. acredito que tudo acontece por uma razão, mas não consigo encontrar uma para este aperto que se revela em mim, acordei á pouco mais de uns minutos, continuava ainda deitada no chão, e esforçava-me para encontrar forças suficientes para me levantar e continuar o dia. surpresa. ele continua a não estar a meu lado. desejava mesmo nunca mais acordar daquela queda. ao meu lado agora situava-se um piano. como lá teria ido parar? bem, provavelmente sempre lá estivera, mas eu não me lembrara, como um fantasma, estava demasiado concentrada naquele aperto que não cessava, do que em realmente reparar nas coisas á minha volta. "PORQUE É QUE NÃO ME SINTO LIVRE? POR FAVOR, FAZ-ME SENTIR LIVRE, NÃO QUERO QUE ESTA AGONIA CONTINUE, POR FAVOR" a minha mente ultimamente gritava isto a plenos pulmões, como se quisesse que a ouvisse e pudesse fazer alguma coisa, mas não podia, não podia mesmo. em vez disso, apenas parecia que os meus ouvidos iriam rebentar. por vezes, quando era pequenina, metia as mãos a cobrirem a minha face e nuca, para não ouvir as vozes. mas ele já não está comigo, porque é que continuo a ouvir as vozes, porquê?
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estava doida, sei bem. mas recuperei. parei de tremer como me pediste, parei de chorar tão frequentemente, parei de ouvir as vozes, já não passam de simples memórias de que raramente me lembro, parei de te ver em todo o lado, parei de estar louca, suponho. se parei de fazer tudo, sou apenas um casulo á espera de sair á vida, qualquer dia sentirei a brisa que voa forte lá fora, bater contra a minha face, contornar-me cada momento do meu corpo, acompanhar-me enquanto caminho. espera por mim.



P.S.: este texto foi completamente INVENTADO por mim

sábado, 16 de abril de 2011

esbocei apenas um sorriso


Pela primeira vez. sem defesas, sem armas. Os seus lábios tocaram os meus de uma maneira tão delicada como se a uma flor. Nunca pensei dizer isto, mas simplesmente amava-o de uma forma quase impossível de conceber. 
os seus braços rodearam-me, protegendo-me de mim própria. Aliada ás forças do oceano, que ribombava perto de nós.
era quase impossível termos a praia só para nós, um sonho fantástico, assim podem dizer. Mas mesmo assim, ali estávamos nós. Perante o pôr-do-sol tão próximo do horizonte. Perante um montante de coisas que apenas indicavam que tudo aquilo mais parecia um sonho. 
estava a olhar para mim á já algum tempo, perdi noção do que fazia, quando ao mesmo tempo me perdi nos pensamentos, ele devia ter reparado que estava distante. O seu rosto esboçava completa “frustração”, entrei em pânico, chateei-o, ao que parecia. Ao ver o estado em que eu estava, ele aproximou-se cada vez mais, e mais, e mais. Até que os seus delicados lábios beijaram os meus novamente. O meu coração começou a bater cada vez mais rápido, coisa que até ao momento nunca conseguia controlar, irritava-me, pois ele parecia conseguir ouvir o bater do meu coração, sempre. 
comecei a ficar sem respiração. Ele afastou o seu corpo de mim, como se sentisse uma corrente eléctrica percorre-lo. O meu coração escapou uma batida, outra vez. ele olhava para mim, como se fosse a coisa mais preciosa do mundo, sempre me impressionava a maneira como ele o fazia. Eu sabia bem que não era a mulher mais bela ou preciosa, mas o modo como ele se apaixonou por mim. Os momentos. Simplesmente impressionava-me. Nunca ninguém o fez como ele o fez, nunca ninguém me tinha feito sentido assim. amava-o.
«amo-te» - murmurou ele.
não respondi, ele sabia a resposta. Esbocei apenas um sorriso e esperei que aquela noite nunca mais acabasse.


terça-feira, 29 de março de 2011

caindo nos braços dos sonhos


ali estava ela, com o andar pesado e vigoroso. com o olhar fixado no vazio, sem fixar coisa alguma. mente desesperada, coração vazio. ele sabia porque é que ela se apresentava assim. ele sabia perfeitamente. mas mesmo assim, continuava a observá-la á distância, não conseguia aproximar-se. sabia a sua história, por o que ela passou, tudo. pequenos detalhes. mas não, não conseguia mover um músculo que fosse. instável á harmonia do vento. tinha medo de se aproximar dela, seguia-a, simplesmente para se verificar se não corria riscos, sabia o quanto importante ela era para ele. de repente, num olhar repentino, a sua bela face virou-se contra a luz do sol, na direcção dele, reparou assim que ela estava a chorar. baixou rapidamente o olhar e continuoou o seu caminho, ao contrário dele. o seu coração congelou, viu-a chorar, o que mais temia, não conseguia enfrentar o seu maior medo. por vezes pensava que não seria capaz de aguentar. mas porquê? são simples lágrimas, não se deveria sentir assim. bem, questionava-se muitas vezes o porquê de tudo o que sentia por aquela rapariga, e sinceramente nunca encontrara razão coerente.
na escuridão da noite, ela era os seus pensamentos, tudo na sua mente. não conseguia. culpavasse a si próprio por tudo o que acontecia, nada parava aquela faca nas suas costas prestes a atacar no momento crucial.
ele tinha-a conhecido quando eram apenas crianças, com apenas um ano de diferença. cresceram juntos, aprenderam com os erros ao longo da vida. foram melhores amigos, até certo momento, em que o passado veio demasiado depressa, embater sobre as vidas deles. aí tudo mudou. tudo se torna mais dificil de combater, mais dificil de enfrentar, sem ela. o passado tornou-se o futuro e nada mais se alterou.
sem ponto de retorno, ele volta a adormecer, caindo nos braços dos sonhos. sem nada a esperar sem ser a escuridão envolvente.
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"o meu maior medo é perder-te, sem ti, fico sem forças, por favor, nunca me faças enfrentar isso. por favor."

sábado, 12 de março de 2011

sem noção


baixei todas as defesas. tudo nulo. mais nada há para dar. uma simples flor, agora despida, pela força do vento, vagueia á procura de um rumo ao qual se possa juntar.
baixei todas as defesas. estou impedida. não sei mais o que fazer.
baixei todas as defesas. quero tanto isto. quero que se torne parte de mim.
baixei todas as defesas. escuta, escuta o bater do teu coração e diz-me o que sentes, o que passa pela tua mente.
tocas mais uma vez esse teu violino. não imagino como o fazes, mas transformas notas grossas e rudes, em delicadas e simples.  dom da vida.
será que sentes saudades? duvido. tudo o que alguma vez proferiste, tudo o que alguma vez disseste. apenas mentiras.
por mais que a dor passe, por mais que a dor arda, por mais que nada veja á minha frente, és sempre tu.
estou diferente, indefesa, sem ponta por onde partir. sem rumo possivel.
caminho sobre os espinhos, nada mais.
beija-me outra vez, sem noção.

"o meu maior medo é perder-te, sem ti, fico sem forças, por favor, nunca me faças enfrentar isso. por favor."

sábado, 5 de março de 2011

distância


Preciso de escrever, não aguento mais, não aguento mais esta dor no peito que não cessa. Preciso de me redimir á verdade.
Estamos tão diferentes, tão distantes, não sei se aguento isto. A maneira de nos falarmos está tão diferente, já nem parecemos as mesmas pessoas do ano passado. a distância separou-nos, apesar de ser pouca.
Já não estamos com estávamos antes, com tanta confiança numa na outra, tenho saudades disso. Podia contar-te tudo e agora não tenho tanta certeza. Dantes dizias que era a tua melhoramiga, mas parece que isso já passou, certo? Dizes sempre que sou demasiado dramática. Mas quando se trata de seres tu a reclamares a dramática nunca podes ser tu. Irrita-me, sabendo que te adoro como minha irmã, e que dava este e outro mundo por ti. Sempre te defendi, mas parece que isso também já passou. Dói.
NUNCA te trocaria por ninguém. És aquela pessoa que está lá sempre para apoiar. Ou pelo menos eras. Por mais que alguém insista, parece que percebeste que nada pode voltar a ser o que era. Tenho medo do futuro para além da linha. Tenho saudades de quando nos riamos tanto. Mas parece que já tens alguém para te preencher essas boas memórias. Posso dizer que nunca pensei isso de ti? Parece que somos aquela delicada flor estendida algures morta no meio da beleza do natural. Depois de todas as discussões, dos choros, dos textos, dos risos, das fotografias, dos desabafos, de dizermos de quem gostávamos, as novas paixonetas, o crescer contigo, ensinou-me muita coisa. já não sei o que sentes neste momento, mas quero que saibas q és a minha melhoramiga

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

será que sim?


acho que já me decidi. será que sim?

estou farta das falsas promessas e abraços.pensas que aguento muito? estás enganado. muito. sim, fizeste-me crescer, viver melhor, fizeste-me ver o mundo á minha volta com mais clareza. mas também me fizeste ''sofrer''. sofrer? muito provavelmente nem sei o que essa pequena palavra possa significar, a minha curta vida ensinou-me pouco, mas muito, sei que a dor que sinto, está em alguma parte nessa palavra. 
para ti sempre foi uma brincadeira. uma mera e pura brincadeira, gostas de brincar com os sentimentos. chorei por ti, ri por ti, jurei nunca mais viver, por ti. amei-te de verdade. sem rodeios. 
tentei esconder as lágrimas por detrás dos sorrisos. mas não consigo. sinto-me vazia, sem nada mais a dar. não quero que este capitulo da minha vida me seja retirado, apenas esquecido por uns tempos. preciso disso. não consigo mais. sabes bem que tentei. sinto falta dos momentos. da guitarra, esquecida durante a escuridão. sinto falta.
o coração parou de bater, o sangue deixou de palpitar nas veias, a brisa levou o que as lágrimas alguma vez significaram, os lábios tremem, as mãos estão frias, nada há mais para fazer.
já não preciso de ti, toquei demasiadas vezes essas notas no antigo piano, cansei-me.
acho que já me decidi. será que sim?

domingo, 30 de janeiro de 2011

preciso de ti

É difícil não te ter aqui. Acredita. Sofro mais do que qualquer pessoa. Acredita. Com todas as coisas que se passam no meu dia a dia, tenho saudades do que costumava ser. da criança que não teve de crescer depressa. Olho-me agora ao espelho, vejo a minha cara vermelha e cheia de lágrimas. Precisava do teu ombro para poder descansar. Esquecer um bocadinho da vida e simplesmente deitar-me no teu colo e apreciar a luz das estrelas. Sinto saudades de quando eu era mais pequena de quando tu me abraçavas e eu sabia que nunca mais me irias largar. Penso que isso não é verdade. Não tiveste culpa. Sempre foste um homem honrado, mas o tempo foi demasiado brusco. Ainda te restavam tantos anos de vida, mas não. A vida é injusta e um dia temos de morrer. Infelizmente, foi esse o teu dia. Não imaginas o quanto me faz falta o teu embalar. Não imaginas o que me faz falta tu leres para mim histórias que me fariam sonhar. Tenho tantas saudades tuas, vou continuar a chorar até o tempo ser também brusco comigo. Até as memórias se desvanecerem nas asas do vento. Preciso de ti. Preciso que me apoieis quando mais ninguém o faz. Se alguma vez me voltares a ver, lá do céu. Manda-me um sinal. Preciso de saber que ainda te preocupas comigo.
Preciso de ti.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

nada mais.


Estava a vê-lo lentamente partir. Sem poder fazer nada. Paralisada nas asas que o vento me entregou. Senti dor. Nada podia eu fazer. A vida é injusta, certo? O homem que toda a minha vida amei estava ali. Deitado sobre um colchão frio, com todas as partes do seu, agora, delicado corpo a tremerem. A sala do antigo hospital estava, também, fria e deserta. Todas as respirações se ouviam no interior. Todas as suas últimas palpitações eram como facas aguçadas nas minhas costas á espera do momento certo.
Sempre lhe prometi que morreríamos juntos. Sempre lhe prometi que o nosso último inspirar, o passaríamos juntos. Até ao fim. Seria eu mentirosa? Sim.
Não sabia que mais fazer. Mais uma vez, o medo estava entranhado em todo o meu corpo. Queria relembrar como tudo começou. DESEJAVA viver tudo aquilo vezes e vezes sem conta. Perder-me nas memórias do tempo e simplesmente entregar-me toda a isso. Sem preocupações. Sem razões. Sem certezas. Sem ar. Precisava de me sentir assim outra vez.
Olhei novamente para a sua cara. Imaginei, sem poder imaginar, o que ele estaria a sentir. Seria eu uma imagem nítida a seus olhos ou simplesmente um esboço desgastado pela doença? Penso que só se conhece realmente a pessoa estando na sua pele. Mas não. Eu sabia tudo sobre ele. Ao longo de 73 anos, vivemos juntos mais do que a maioria se atreve. Se alguém, alguma vez, se atrever a proferir que o que eu sinto, ou ele sente, não é amor, chamem-no de «mentiroso». Pois, sim. Essa é a verdade.
Prometi que seria a última vez que o contemplava. O seu rosto não se mexia. Eu sabia que não conseguia. Sabia também que todos os minutos o faziam sofrer ainda mais. Não gritava, não gemia e também já não tremia. Estava tudo num turbulento de emoções que só ele conseguiria descrever. Olhei-o nos olhos. Estavam vermelhos. De uma cor vermelha viva estranha. No meio estava a sua íris, sempre azul. Como eram lindos. Dava orgulho. Sabia que não deviria olhar outra vez, mas não conseguia deixar de o fazer.
Nunca pensei que o despedir de alguém fosse tão difícil. Muitas pessoas, na minha família e amigos, faleceram ao longo dos anos. Mas sinceramente, nunca me foi tão difícil largar de alguém. Afastei-me para longe do teu corpo. Olhei à minha volta. As paredes pareciam estar cada vez mais perto. Estava a suar. O solo parecia uma montanha russa. Caí no chão frio. Deixei-me estar assim. Precisava de descanso. Não aguentava mais.
Alguns minutos depois ouviu-se um barulho estridente, vindo da máquina que se situava a teu lado. Entrei a pânico. Levantei-me desordenadamente e corri a teu auxílio. O barulho parou de repente. Sabia que te tinha perdido. Perdido? Não te podia ter perdido. Eras a minha vida. O meu ser. o que seria de mim sem ti? A sala tornou-se vazia. Quem era eu para a ocupar? Ninguém. Naquele momento eu era simplesmente ninguém. Já não conseguia chorar mais. As lágrimas tinham secado. Nada mais era concebido. Simplesmente tentava procurar força. No silêncio que se formou apenas consegui vociferar um trémulo e, agora, estranho, «amo-te.»

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

um livre anjo me pediu para te amar


Já não sei o que sou. Tu sabes?

Acho que me tornei fria. Mimada talvez? Desagradável ao tacto. Sinceramente, esta era eu? Tornei-me sensível e com choros piorei tudo á minha volta. Tornei-me solitária. Sem pessoas a quem recorrer, parece que todas as pessoas que pensava minhas amigas, partiram. Decidiram deixar-me e retornar á sua vida normal como se eu nunca tivesse existido. Tornei-me frágil. Depois de tudo o que passei o que mais poderia eu ser? Depois de me tocarem como tocaram. E falarem como falaram, simplesmente tornei-me frágil. Tornei-me invisível. Tal como um fantasma. Já ninguém me vê, ninguém me sente. Tornei-me distante. Sem cordas algumas para voltar ao lugar em que costumava estar, voei para longe. Longe daqui. Tornei-me impaciente. Tornei-me fraca. Tornei-me inconsciente. Tornei-me violenta. Sinto-me mal por isso, não pretendo afastar todos á minha volta. Mas parece que todos aparentam afastar-se. Tornei-me um ser humano sem sentimentos. Simplesmente na esperança que um dia voltes. Parece que para mim essas esperanças são nulas. Perdi-as á algum tempo. O vento soprou na direcção errada e tudo foi nele.
Tudo isto, porque um dia, num escasso tempo, um livre anjo me pediu para te amar.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

contra mim própria


não sei se consigo aceitar, será demasiado? eu também não sei se te amo. já o fiz, e fiz-te sofrer, tal como tu a mim. confundes-me tanto. sinceramente, terá de ser assim? não sei se vais ficar chateado comigo. espero que não. gosto demasiado de ti, para te perder. preciso de ti para ter um sorriso na cara. os momentos que passámos juntos são puros. sinceramente, não sei no que estava a pensar quando nunca te disse que te amo quando o podia. não quero que isto acabar, mas também não quero que avance. tenho medo. tenho medo do que poderá acontecer. amo-te tanto, mas será suficiente? os meus sentimentos não são simples brinquedos com os quais brincas. és tanto e tão pouco. quero continuar assim contigo, sem nos apaixonarmos a sério, num impasse tão sério que ninguém se intrometa entre nós. sinto-me mal, não quero que o nosso, assim chamado «amor» passe despercebido, mas nunca te queria ofender. desculpa, desculpa, desculpa, desculpa. sou egoísta. nunca me deveria ter aproximado de ti. mas será que conseguia viver sem ti?

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

fora amor. puro amor.


Acordara apenas a alguns minutos atrás. Ali estava ele, sentado na cadeira de madeira que ele próprio tinha construído. Sempre se admirava de ter aquele dom. desde pequeno que fazia coisas daquelas. Mas naquele momento a sua mente não se preenchia de memórias de infância. Só conseguia pensar numa coisa.
     
Levara-a a casa. A escuridão já era imensa e tinha medo que alguma coisa lhe pudesse acontecer. Isso é o que os amigos fazem? Certo .. Amigos. Na noite que se instalara, os risos que os dois partilhavam faziam eco. Ela trazia um vestido repleto de flores com o seu casaco por cima. Ele não fazia ideia de como ela não conseguiria não ter frio. Era simplesmente incrível. 
Conversaram durante os catorze minutos que o tempo levou a correr, mas chegaram a casa. 
Estava prestes a partir quando a sua delicada voz o chamou e ao virar-se já os doces lábios dela tocava nos seus. Seria um sonho? Teria sido tirado da realidade? Estava a viver tantos sentimentos ao mesmo tempo que era difícil conter-se. 
Entraram porta a dentro com a força do vento. O seu beijo nunca cessou. Subiram as escadas e por um momento abriu os olhos e perguntou a si próprio se o que estava a viver era verdade. Não se importou com nenhuma das questões que colocava a si. Fechou novamente os olhos e embrenhou-se no momento. Em escassos segundos já se encontravam na divisão de cima. De repente sentiu-se a pisar qualquer coisa e tropeçou. Encontravam-se os dois no chão, deitados. Queria aquilo mais que tudo. Pensava que ela também queria. Pensava que sim. Ansiava que sim. A noite envolveu-os de tal maneira que o céu lá fora, escuro e sombrio pareceu ser iluminado por algum tipo de luz. Não saberia se alguma vez isto aconteceria a mais alguém, mas sentia-se a voar. Não conseguia simplesmente descrever. 
Não disseram qualquer tipo de palavra ou sussurro, simplesmente deixaram o tempo passar. Horas passar. Quando tudo cessara um pouco, percebera o que acabara de acontecer. Não sabia sinceramente o que pensar. Deveria sentir-se feliz? Deveria sentir remorsos? Começou a fugir da sua própria mente. Bloqueou. Não mexeu nem mais um músculo. Deixou-se envolver pela luz escura que o envolvia no chão frio do andar de cima.
     -
Era nisto que ele pensava. A sua mente não tinha evoluído muito desde esse momento. Continuava bastante paralisada. Sentia um sentimento que provavelmente nunca fora descoberto. Sentia um sentimento que nem ele próprio conseguia descrever. Mas em vez de tentar, sentia uma ponta de felicidade. Trincou mais uma vez a torrada agora fria de espera. Bebeu mais um golo do leite também frio. Não sabia mais o que fazer. 
Ela ainda dormia, agora, na cama, ele decidira que não seria boa ideia deixá-la a dormir no chão desconfortável. Levara-a para o seu quarto. 
Depois de muito pensar decidiu ir «visitar» o andar de cima. Seria essa uma das escassas opções que lhe restava? Sim. Pensava que sim. Pois, a outra variante seria fugir e nunca mais voltar. Mas não faria isso. Não conseguia.
Entrou no quarto em pés de lã. Sem querer, contemplou a sua face. E lembrou-se de tudo, como se á um segundo atrás. Sabia que devia sentir-se mal por alguma vez o sentir por ela. Mas o que ele sentira fora amor. Puro amor.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

sempre


Mãe. Obrigada.
Obrigada pelos abraços. Obrigado por me embalares quando o sono era pouco. Obrigada por me cantares músicas. Obrigada por rires comigo. Obrigada pelos beijos de boa noite. Obrigada por me aconchegares na cama nas noites mais frias. Obrigada por te preocupares comigo sempre que chorava. Obrigada por curares os dói-dói’s que eu fazia. Obrigada por partilhares sorrisos e brincadeiras comigo.
És das pessoas mais generosas que conheço. Das mais simpáticas e amáveis.
Aliás, és das pessoas mais fortes que conheço. Pensas-te uma pessoa fraca e inútil. Posso garantir-te que não és. És mais forte do que alguma vez poderás imaginar. Já aguentas-te mais do que qualquer ser humano deveria aguentar. Aguentaste e simplesmente tentaste seguir em frente. Não sei como consegues desculpar tudo e todos. Simplesmente não sei.
Choras. Raramente, mas choras. E quando o fazes, o meu mundo fica mais triste e escuro. Sofres. Preocupaste em não deixar transparecer nenhum desses sentimentos, mas por vezes é demasiado. Simplesmente demasiado.
Tentas esquecer tudo. Mas a dor permanece. Tentas perdoar, mas é demasiado difícil. Tentas de tudo e simplesmente não chega. Horrível, não é?
Como um pequeno menino que perdeu a sua bola, chora, á sua procura, tu choras á procura de uma solução. Todas as soluções contam. O desespero é tanto q assim é.
As estrelas que vias no céu, pareceram diminuir o seu brilho. Mas ao mesmo tempo estás contente, por não ofuscarem mais a tua vista. Estás contente por teres descoberto tudo antes do tempo, apesar de não ser uma surpresa feliz. Estás contente porque não continuas a viver numa mentira. Descobriste como as coisas realmente são. Deixas-te de ser criança á muito tempo atrás, deixas-te de brincar como brincavas. Esta situação não te vai enfraquecer. Não vai. Vai, sim, contribuir para mais um capítulo do teu longo crescimento. Uma parte da história, não tão feliz, mas uma parte q te ajuda a perceber as coisas melhor.
Sei que no princípio é difícil. é como as estrelas que diminuíram o seu brilho, já não te ofuscam a vista, mas continuam lá para te baralhar o caminho. Um caminho que por vezes é muito difícil. Um caminho que não pode acabar tão cedo. Tem que continuar a contar histórias até muito depois do previsto. Assim esperamos.
Não sei o quanto amas, nem o quanto amas-te. Não sei a percentagem do teu amor por aquela pessoa. Sei q diminui, mas continua lá. Sei também que esse amor, nunca deixará de existir. Nunca deixa. Amores genuínos não se apagam. Ficam sempre no nosso coração, seja a dimensão dele, a q for.
Vives a vida, vivendo o passado. És uma lutadora. Orgulho-me disso. Orgulho-me em ser tua filha.
Preciso que nunca me deixes. Nunca.
Amo-te mãe. Sempre.

domingo, 26 de dezembro de 2010

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Ali estava ele. Ele. O homem da minha vida. A sua beleza irradiava todos á sua volta. Os seus olhos pareciam como duas pérolas brilhantes ao longe.  Os seus braços fortes abraçavam os amigos por quem passava. Ali estava ele. No seu fato de gala, como delicadas flores na mão enquanto se dirigia a mim num passo tanto apressado. Parecia querer chegar a mim o mais depressa possível. Seria isto verdade ou seria um sonho bem passado? Depois de tudo o que aconteceu ele ainda tinha ansiedade em se dirigir a mim? Seria possível? Depois de tudo o que lhe fiz ainda me perdoaria?

O tempo que demorou me alcançar parecia decorrer devagar. Quando menos esperava, já ele estava a meu lado. O seu cheiro embateu contra a minha pele. Sabia bem. O seu cheiro era como alfazemas e mel. Adorava isso nele. 
Decorreu-se um breve silêncio que de repente foi preenchido pelo seu respirar. Estava petrificado. Tal como eu. Abriu a sua boca e as suas doces palavras misturaram-se com o fulgor da festa. Simplesmente tinha-me esquecido. Como se me tivesse envolvido tanto no momento que á minha volta não via mais nada. Acho que tinha sido isso. Repetiu mais uma vez. Não sei se ouvi mal, mas parecendo ser verdade ele disse:
- Casas comigo?

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Lembro-me agora desse momento. Com estritas lágrimas a percorrerem a minha face. Nunca gostei de chorar. Parecia-me egoísta. Porque quando chorava o mundo lá fora tornava-se escuro e infinito. Parecia que esse mundo não permitia que estivéssemos juntos outra vez. Porque quando chorava as emoções apoderavam-se de mim. E tornavam-se cada vez maiores com cada lágrima derramada.
Sinceramente, não queria que me visses assim. Sempre me conheces-te como a “mulher” divertida. Não queria que me visses assim, triste, desolada. Mas partiste e não há mais hipóteses de te conhecer novamente. Partiste para sempre. Foste-me bruscamente tirado. A vida é injusta, certo?
Queria-te mais uma vez. Mais uma. Tenho sede da tua alma e fome do teu carinho. Preciso de ti para me aguentar. Todos diziam o nosso amor ser impossível. Talvez eles tenham razão. Agora contemplo a minha pele velha e enrugada e penso que o tempo foi demasiado brusco connosco para alguma vez poder haver alguma coisa.
Hoje a noite está deserta e é apenas nisto que eu penso. A brisa bate forte lá fora desejando entrar pela porta e levar esta casa como um tornado. Mas sinceramente, não quero saber. Pois continuo a ler a carta que escreves-te. Porque é isso que faz aguentar a minha réstia de força.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

irracional


Por favor não chores mais. Não derrames nem mais uma lágrima. Ele não merece. Sei o que ele fez e mais preferia não saber.
Destruiu-te os sonhos. Destruiu-te a força que ainda restava. Destruiu-te a esperança de viverem juntos. Destruiu uma réstia dessa esperança que faltava derrubar.
Não sabe. Não pensa. Não vê.
É irracional ao pedido. É irracional ao amor.

  

Achas bem? Achas bem o que fizeste? É por ti que ela agora chora. A força que ainda lhe restava foi lhe retirada. Assim, sem pés nem cabeça. Foi-lhe retirada sem misericórdia. Sem pensar nos sentimentos que ela podia nutrir. Foste tu.
A sério que pensas que és invencível? Meu amor, não és. Sei que poder de baixo dessa capa de mauzão és uma flor delicada. Sei bem.
És um monstro que não sente.

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O vento que leve os cristais agora espalhados pela tua cara. Que o tempo os remova para que nada mais sobre.
Por favor não chores mais. Não derrames nem mais uma lágrima.