terça-feira, 21 de junho de 2011

as vozes



por esta altura ainda eu era tão inocente, tão simples. a lua estava bem alta lá no escuro, negro, limpo e distante céu da noite. uma pequena rajada de vento passou por mim, o suficiente para os calafrios começarem a apertar. porquê? porque já não o tinha ali ao meu lado, não sei como nem onde tinha ido parar, mas fora tirado de ao pé de mim. o meu coração estava bem situado no meu peito, tudo estava normal, no entanto o ar começou a faltar, tudo começou a andar á roda, já não via mais nada senão o chão frio que agora estava embatido na minha cara. simplesmente desejei nunca mais acordar. 

pelos vistos ninguém me ouve. nem mesmo Deus, a quem daria a minha alma. acredito que tudo acontece por uma razão, mas não consigo encontrar uma para este aperto que se revela em mim, acordei á pouco mais de uns minutos, continuava ainda deitada no chão, e esforçava-me para encontrar forças suficientes para me levantar e continuar o dia. surpresa. ele continua a não estar a meu lado. desejava mesmo nunca mais acordar daquela queda. ao meu lado agora situava-se um piano. como lá teria ido parar? bem, provavelmente sempre lá estivera, mas eu não me lembrara, como um fantasma, estava demasiado concentrada naquele aperto que não cessava, do que em realmente reparar nas coisas á minha volta. "PORQUE É QUE NÃO ME SINTO LIVRE? POR FAVOR, FAZ-ME SENTIR LIVRE, NÃO QUERO QUE ESTA AGONIA CONTINUE, POR FAVOR" a minha mente ultimamente gritava isto a plenos pulmões, como se quisesse que a ouvisse e pudesse fazer alguma coisa, mas não podia, não podia mesmo. em vez disso, apenas parecia que os meus ouvidos iriam rebentar. por vezes, quando era pequenina, metia as mãos a cobrirem a minha face e nuca, para não ouvir as vozes. mas ele já não está comigo, porque é que continuo a ouvir as vozes, porquê?
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estava doida, sei bem. mas recuperei. parei de tremer como me pediste, parei de chorar tão frequentemente, parei de ouvir as vozes, já não passam de simples memórias de que raramente me lembro, parei de te ver em todo o lado, parei de estar louca, suponho. se parei de fazer tudo, sou apenas um casulo á espera de sair á vida, qualquer dia sentirei a brisa que voa forte lá fora, bater contra a minha face, contornar-me cada momento do meu corpo, acompanhar-me enquanto caminho. espera por mim.



P.S.: este texto foi completamente INVENTADO por mim

3 comentários:

  1. Fico muito feliz em saber que gostaste :D

    que textão! quando parecemos gritar mudamente cresce um fio de esperança dentro de nós que nos ajuda a reagir!

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