segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

fora amor. puro amor.


Acordara apenas a alguns minutos atrás. Ali estava ele, sentado na cadeira de madeira que ele próprio tinha construído. Sempre se admirava de ter aquele dom. desde pequeno que fazia coisas daquelas. Mas naquele momento a sua mente não se preenchia de memórias de infância. Só conseguia pensar numa coisa.
     
Levara-a a casa. A escuridão já era imensa e tinha medo que alguma coisa lhe pudesse acontecer. Isso é o que os amigos fazem? Certo .. Amigos. Na noite que se instalara, os risos que os dois partilhavam faziam eco. Ela trazia um vestido repleto de flores com o seu casaco por cima. Ele não fazia ideia de como ela não conseguiria não ter frio. Era simplesmente incrível. 
Conversaram durante os catorze minutos que o tempo levou a correr, mas chegaram a casa. 
Estava prestes a partir quando a sua delicada voz o chamou e ao virar-se já os doces lábios dela tocava nos seus. Seria um sonho? Teria sido tirado da realidade? Estava a viver tantos sentimentos ao mesmo tempo que era difícil conter-se. 
Entraram porta a dentro com a força do vento. O seu beijo nunca cessou. Subiram as escadas e por um momento abriu os olhos e perguntou a si próprio se o que estava a viver era verdade. Não se importou com nenhuma das questões que colocava a si. Fechou novamente os olhos e embrenhou-se no momento. Em escassos segundos já se encontravam na divisão de cima. De repente sentiu-se a pisar qualquer coisa e tropeçou. Encontravam-se os dois no chão, deitados. Queria aquilo mais que tudo. Pensava que ela também queria. Pensava que sim. Ansiava que sim. A noite envolveu-os de tal maneira que o céu lá fora, escuro e sombrio pareceu ser iluminado por algum tipo de luz. Não saberia se alguma vez isto aconteceria a mais alguém, mas sentia-se a voar. Não conseguia simplesmente descrever. 
Não disseram qualquer tipo de palavra ou sussurro, simplesmente deixaram o tempo passar. Horas passar. Quando tudo cessara um pouco, percebera o que acabara de acontecer. Não sabia sinceramente o que pensar. Deveria sentir-se feliz? Deveria sentir remorsos? Começou a fugir da sua própria mente. Bloqueou. Não mexeu nem mais um músculo. Deixou-se envolver pela luz escura que o envolvia no chão frio do andar de cima.
     -
Era nisto que ele pensava. A sua mente não tinha evoluído muito desde esse momento. Continuava bastante paralisada. Sentia um sentimento que provavelmente nunca fora descoberto. Sentia um sentimento que nem ele próprio conseguia descrever. Mas em vez de tentar, sentia uma ponta de felicidade. Trincou mais uma vez a torrada agora fria de espera. Bebeu mais um golo do leite também frio. Não sabia mais o que fazer. 
Ela ainda dormia, agora, na cama, ele decidira que não seria boa ideia deixá-la a dormir no chão desconfortável. Levara-a para o seu quarto. 
Depois de muito pensar decidiu ir «visitar» o andar de cima. Seria essa uma das escassas opções que lhe restava? Sim. Pensava que sim. Pois, a outra variante seria fugir e nunca mais voltar. Mas não faria isso. Não conseguia.
Entrou no quarto em pés de lã. Sem querer, contemplou a sua face. E lembrou-se de tudo, como se á um segundo atrás. Sabia que devia sentir-se mal por alguma vez o sentir por ela. Mas o que ele sentira fora amor. Puro amor.

Sem comentários:

Enviar um comentário