domingo, 26 de dezembro de 2010

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Ali estava ele. Ele. O homem da minha vida. A sua beleza irradiava todos á sua volta. Os seus olhos pareciam como duas pérolas brilhantes ao longe.  Os seus braços fortes abraçavam os amigos por quem passava. Ali estava ele. No seu fato de gala, como delicadas flores na mão enquanto se dirigia a mim num passo tanto apressado. Parecia querer chegar a mim o mais depressa possível. Seria isto verdade ou seria um sonho bem passado? Depois de tudo o que aconteceu ele ainda tinha ansiedade em se dirigir a mim? Seria possível? Depois de tudo o que lhe fiz ainda me perdoaria?

O tempo que demorou me alcançar parecia decorrer devagar. Quando menos esperava, já ele estava a meu lado. O seu cheiro embateu contra a minha pele. Sabia bem. O seu cheiro era como alfazemas e mel. Adorava isso nele. 
Decorreu-se um breve silêncio que de repente foi preenchido pelo seu respirar. Estava petrificado. Tal como eu. Abriu a sua boca e as suas doces palavras misturaram-se com o fulgor da festa. Simplesmente tinha-me esquecido. Como se me tivesse envolvido tanto no momento que á minha volta não via mais nada. Acho que tinha sido isso. Repetiu mais uma vez. Não sei se ouvi mal, mas parecendo ser verdade ele disse:
- Casas comigo?

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Lembro-me agora desse momento. Com estritas lágrimas a percorrerem a minha face. Nunca gostei de chorar. Parecia-me egoísta. Porque quando chorava o mundo lá fora tornava-se escuro e infinito. Parecia que esse mundo não permitia que estivéssemos juntos outra vez. Porque quando chorava as emoções apoderavam-se de mim. E tornavam-se cada vez maiores com cada lágrima derramada.
Sinceramente, não queria que me visses assim. Sempre me conheces-te como a “mulher” divertida. Não queria que me visses assim, triste, desolada. Mas partiste e não há mais hipóteses de te conhecer novamente. Partiste para sempre. Foste-me bruscamente tirado. A vida é injusta, certo?
Queria-te mais uma vez. Mais uma. Tenho sede da tua alma e fome do teu carinho. Preciso de ti para me aguentar. Todos diziam o nosso amor ser impossível. Talvez eles tenham razão. Agora contemplo a minha pele velha e enrugada e penso que o tempo foi demasiado brusco connosco para alguma vez poder haver alguma coisa.
Hoje a noite está deserta e é apenas nisto que eu penso. A brisa bate forte lá fora desejando entrar pela porta e levar esta casa como um tornado. Mas sinceramente, não quero saber. Pois continuo a ler a carta que escreves-te. Porque é isso que faz aguentar a minha réstia de força.

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