terça-feira, 29 de junho de 2010

para sempre


Já era tarde. O Sol já se tinha posto á muito tempo atrás. Os meus pais estavam preocupados e por essa razão foram ver se estava tudo bem contigo. Disseram-me para não ir. Que não devia ser nada.
No meu coração eu sempre soube que se passava alguma coisa, tu atendias-me sempre o telefone. Por onde estivesses, por mais ocupado que estivesses, tu atendias-me sempre. Uma das coisas que adoro em ti.

Os meus pais estavam a demorar demasiado tempo, tinham passado cerca de duas horas. O pânico começava a entranhar a minha mente.
Decidi ligar á minha mãe, ainda consciente d que nada se passava.
Do outro lado da linha, a voz dela, estava trémula, e a soluçar, o barulho de fundo, era uma confusão, uma bagunça que por mais ruído que fosse, eu sabia o que se passava no meu coração.
-Filha, tem calma. – disse a voz da minha mãe.
Depois, sabia quem ia falar, falou a Fati, uma amiga de infância da minha mãe. A voz desta, estava também trémula.
-O teu avô está doente.
Nesse preciso momento, eu soube, EU SIMPLESMENTE SOUBE, que não se tratava de uma doença, era sim, uma coisa muito pior. A coisa que eu NÃO conseguia aceitar. A coisa que eu mais temia. Tentei não pensar nisso até haver notícias.
Mais ou menos às 23 horas, tocaram á campainha. Era Fati e o seu namorado, Fernando. Foram apenas 4 simples palavras, que ainda hoje parecem as mais longas.
-O teu avô morreu.
Não chorei. Não solucei.
Apenas assimilei aquelas 4 palavras, que o vento pareceu levar na brisa da noite. Não disse mais nada a noite inteira. Os meus pais choravam. Eu olhava para o vazio.
Não quis ver o seu corpo. Preferia lembrar-me dele a sorrir para mim. Preferia lembrar-me dele quando ainda estava vivo. Preferia .. Que fossem essas as minhas memórias dele.
No dia 16 De Dezembro de 2008:
O meu herói tinha morrido.
O meu segundo pai já não existia neste mundo.
Aquele senhor que eu tanto admirava tinha-me deixado.

Sinto-me culpada por não ter passado mais tempo com ele. Por os dias não terem sido mais longos. Ainda hoje choro.

Adoro-te, avô (L)

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